Lentes de contrato
Você me sugeria uma caixa de perdão,
Pedia sempre a carta de desculpas,
Cobrava mil palavras sublinhadas,
Perdendo dia-a-dia meus papéis...
Encontrando-me onde não me havia,
Mas que vida é essa feita em contratos?
De promessas incansáveis que nunca tem fim...
Não vale a pena só ver a luz dos olhos?
Ou acordar de manhã com um sorriso?
Ou receber um abraço apertado?
Ou dar o beijo que a língua é testemunho?
Não pense que você era o mapa,
Que me guiava até eu acertar os móveis,
E que eu já não sei mais andar sem você...
Não me cobre o pouco risco que me deu,
Você pouco enxerga com suas lentes de contrato...
Não é assim que eu consumo a vida,
É preciso não ter destreza alguma,
Saltar até a beira do abismo,
Gastar o último centavo de coragem...
Se eu já perdi as chaves do juízo,
Foi pra saber de cor que o meu andar é assim,
Ora eu me perco, ora eu me descubro,
Sem saber que isso é sempre a mesma coisa...
O que você quer?
Contato ou contrato?