RETRATO INFIEL (Tânia), inspirado no poema “O Auto-Retrato” (Mário Quintana)

RETRATO INFIEL (Tânia)

No traço do meu retrato

Há uma demarcatória linha

De uma história de outro

De uma história só minha

Os meus olhos do retrato

Estão olhando para dentro

Pois lhes passo em frente as mãos

E não vejo o movimento

A boca fechada e pensativa

Substitui a palavra

Há no nariz afilado

Uma passividade de estátua

Os cabelos são de vento

Soprando o sem fim

O segredo que não descubro

O corpo delgado

Quem é aquela

Eu não sei

Nem me pareço com ela