SEM PAR (Tânia), INSPIRADO EM "O Poeta e o Poema" (de Alphonsus de Guimaraens Filho)

SEM PAR (Tânia)

Eu sou o meu poema

Juntos na carne da poesia caminhamos

E morreremos de mãos dadas

Depois não sei o que será

O que virá

Descubro que ser poeta

É coisa no sangue colocada

E, precisa o poeta cortar

A veia jugular

E a poesia no chão escorrer

E as flores do jardim regar

Para nascerem roxas

E incandescentes de bordeaux

Pétalas de maciez

Hastes frágeis

Nas folhas os olhos

Verdes olhando o espaço

Eu e o meu poema cansaço

Vivendo em um país peculiar

Íntimo e a algum outro similar

O meu poema é a minha revelação

A foto que não quero ver

Mas que se perfila

E fica mais e mais nítida

Enfio-me sob o lençol da poesia

E espero

Espero que ela me dê todo dia este sofrimento sem fim

Sem par