Anatomia da Dor

Carrego a solidão do mundo,

na alma suja e empoeirada

No peito guardo páginas rasgadas,

tingidas com gotas de sangue

Choro lágrimas carbonizadas,

pelas estrábicas curvas da vida.

Pelas coxias da solidão ferida,

escondo a fria anatomia da dor

Trago no rosto, a flor do desgosto,

das verdes primaveras perdidas

Pelas prostituídas esquinas do vento

deito a alma na cama do sofrimento

Guardo na boca cor de carmim,

a hipocrisia do sorriso de marfim,

que morre aqui dentro de mim

por não poder beber o vinho da alegria

Sinto a tristeza do pobre menino,

que segue pelas ruas sorrindo

anestesiado de fome,cheira cola

brincando e fingindo que é feliz

Sofro com a ausência dos sonhos,

destes pobres seres vagabundos,

que pelas sujas esquinas do mundo,

buscam o agasalho do manto do amor

Recife-PE

Zena Maciel
Enviado por Zena Maciel em 05/09/2006
Reeditado em 26/04/2007
Código do texto: T233453