FRIEZA (FLORBELA ESPANCA) /// IRMÃ (TÂNIA)
Os teus olhos são frios como espadas,
E claros como os trágicos punhais;
Têm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.
Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!
Mas não te invejo, Amor, essa indiferença,
Que viver neste mundo sem amar
É pior que ser cego de nascença!
Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirás a soluçar:
"Ah! Quem me dera, Irmã, amar assim!..."
***
IRMÃ (TÂNIA)
Florbela, teus olhos são tochas de estrelas
Têm o brilho do cristal dos castiçais
E o mistério dos santos em êxtase
Vejo em teus olhos
Diáfana em vestes de lírios a Poesia
Cabelos em ondas do mar de tua terra
Vejo em teus olhos, Florbela,
Solidões de amor
Vejo de teu sofrimento a aquarela
“Ah! Quem me dera, Irmã, amar assim!...”
Foi tal amor, Irmã, que te fez das poetas a mais dolorosa
E bela