ESPELHO D’ÁGUA
Que é a poesia senão a pele d’alma
O sopro da aurora do ser
E dele mesmo do sol o descer
Que é a poesia
Se não a tristeza
Vezes a alegria
A vontade na garganta presa
De dizer algo que sequer se sabia
O que é a poesia
Senão a liberdade
Cavalos desembestados nas pradarias
Os raios do entardecer
Deitando luzes na estrada
A fonte quieta e pensante
Em que é apenas
Espelho d’água
O que é a poesia
Senão a lua que surge
Ávida por olhares de langor
O que é a poesia
Senão a expressão da dor
O que é a poesia
Mais que a noite
Mais que o dia
O que é a poesia
Em seu canto eterno e magia
Ah, eu sei o que ela é
E ela nem sabe quem sou
Não sabe que por ela morro
Morro de tanto amor
O que será a poesia
Mais que este lamento
Menos que este tormento
A poesia é sangue
Alma
Vida
Morte
Nascimento