DO OUTRO LADO DO ARCO-IRIS
E veio a tempestade... Deixando rastro de sua passagem... Flores despetaladas, folhas caídas, galhos quebrados. E ela, a borboleta travessa e brincalhona conseguiu sobreviver... mesmo que solitária e ferida, ela conseguiu.
Aí então, apareceu o Sol; dourando vales e campinas, pintando no céu um arco multicor.
_ Do outro lado deve ser mais lindo. Estou só vendo reflexo.
Arma-se de coragem e, voando desconcertadamente, transpassa as barreiras e finca o pé em solo estrangeiro mas, ali não se permite andar descalço, terá que sofrer mais uma metamorfose.
_ Mas... Será que borboletas ficam bem de sapatos, e ainda por cima, de saltos altos?
Bom, se para conhecer o esplendor que as luzes refletem, há necessidade do sacrifício, lá vai ela...
_ Será que os olhares curiosos significam discretos aplausos ou, denúncias de que os sapatos não combinam com as cores das asas?
O tempo passa, até que um dia as luzes ofuscam-lhe a visão, o ruído das vozes fere-lhe os ouvidos e os sapatos apertam-lhe os pés...
_ Aqui não há espaço suficiente para voar contra o vento morno de verão; as flores não guardam o frescor dos respingos d’água da cascata.
Retoma o caminho de volta, agora tem certeza de que, do outro lado do arco-íris se vive à magia de uma ilusão vã e fria.
_ Ufa... que alivio tirar os sapatos.