Antimatéria
A vida é material.
Ela segurava o seu relicário e olhava fixamente para o chão
a saudade não berra ,os sentimentos não mordem ,
,a lucidez a tudo perece
e paira na superfície
é tudo plástico,todas as camadas de seres humanos,
todas as camadas vitais de todas almas
é tudo plástico
a roda gigante gira,o carrossel gira,o relógio gira
e os carros passam
a vida é opaca
singela como a musica do carrossel
ignoravelmente hipnótica
o amor devorado como uma maçã caramelizada
em que se resta apenas o palito a jogar fora
a vida é descartável
o tempo é biodegradável
e a roda gigante estupidamente roda
mas ela queria era uma revolução completa de todos os astros
a colisão de todos os contratempos
ela queria um ekatombe real
queria que o caramelo ficasse grudado nos dentes
e a impedisse de falar,de pensar de engolir
para que assim morresse de fome
pois se era pra haver sangue,que houvesse também morte
e se é pra ser infeliz que se autodestruísse de vez
e fizesse muito barulho
“Eu quero morrer de todos os venenos que simplesmente não matam”
E já despedaçado o relicário caiu o chão
Sem fazer sequer algum ruído