ESPERANÇA

ESPERANÇA

Sentada no sofá

Um leve toque

No cotovelo

Chamou-me a atenção.

Era uma esperança...

Verdinha... verdinha...

E tal qual uma criança

Chegou de mansinho.

Pediu-me carinho

Roçando meu pescoço

E logo depressa

Fiz um alvoroço.

Ao leve contato

Das minhas mãos

Saltou do meu corpo

E pousou no chão.

Desconfiada, me olhou

E eu a cismar...

Num gesto patético

Tentei com os dedos

Segurar-lhe as antenas.

Mas ela escapou

Deixando só medo

No meu coração

Que batia apenas...

Naquele instante

Alguma esperança

Tentou renascer

Nessa alma mutante.

E bem lá dentro de mim

Vi com tristeza escapar

Um lindo sonho que foi

Uma fantasia louca e distante.

Esse inseto foi o prenúncio

De um acordar com lucidez

Para uma realidade concreta

Que se descortinou de vez.

Foi-se embora o sonho

Partiu de mim a ESPERANÇA

O que ficou foi somente

Uma flor murcha e sem fragrância.