N E G A R !
Quando na verdade,
A vontade era gritar.
Pular, mas o meu sonho é voar.
Plantar, quando mais preciso colher.
Olhar, quando as mãos cobrem o rosto.
Gozar, quando o corpo nega o prazer.
Andar sobre as flores,
Quando os espinhos nascem sobre elas.
Aceitar, por que o momento me agride.
Dizer, quando os ouvidos estão atentos.
Rir, se o choro impõe a lagrima.
Tocar, o arranhão que dilacera.
Mudar, a imagem que paralisa.
Ofegar, o coração compassado.
Deitar, quando o corpo nega o descanso.
Das águas bravias ao remanso.
Sublimar o que é concreto,
Elevar ao alto,
Os pés que a rama aprisiona.
Negar...?
Quando tudo conspira a seu favor,
Quando o medo da mudança,
Invoca a surpresa,
Dos olhos viciados,
E olhando para os lados
Sente as palmas que exprimem:
- Vire a mesa!
Di Camargo, 09/06/2010