INCONFESSÁVEL
Só porque meu ser se inflama
E nos recônditos
Esconde a chama
É possível sobreviver
Dentro em mim o absoluto
Contra meu próprio ser
Eu luto
Do mesmo jeitinho que Cervantes
Desafiou um a um
Os moinhos
Enfrento ventos
Das areias a tempestade
Do mundo toda a maldade
E protejo com as minhas mãos de faltas
As tuas mãos pendidas
Pois nem sonhando me permito
Pelo menos de leve ousar
Tocar de olhos fechados
Esses lábios de mar
Pois nem em sonhos eu teria
Um direito assegurado
Assim santo e bonito
De a mim mesma admitir, confessar
O inconfessável delito