Corrente de ouro.

Trago comigo uma corrente de ouro sem crucifixo

Adornando-me o pescoço nu.

Nas noites de gala, no Clube Azul,

Quando as meninas, fazendo carinhos,

- Folguedos tão gostosos quanto fugazes -

Desabotoam-me a camisa,

Sorriem da aparente harmonia

Com exclamações do tipo:

Como reluz este ouro!

Como ele te enfeita a aparência!

Esboço um sorriso

Que termina numa careta desconsolada,

Externamente bem disfarçada, a bem da verdade,

(O desconsolo de uma alma doentia e solitária

Dentro de um corpo aparentando saúde total),

Caçando no ar - o ar fresco revitaliza -

Um pouco de coragem para enfrentar-me,

Ressuscitando então, momentaneamente,

Aquela fé equilibrante que já não possuo...

Trago comigo uma corrente de pura ilusão,

Sem o símbolo norte da verdade e da vida!

Qualquer dia, de qualquer mês, creio que do ano de 1.970.

Arcofi
Enviado por Arcofi em 27/05/2010
Código do texto: T2284118
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