Corrente de ouro.
Trago comigo uma corrente de ouro sem crucifixo
Adornando-me o pescoço nu.
Nas noites de gala, no Clube Azul,
Quando as meninas, fazendo carinhos,
- Folguedos tão gostosos quanto fugazes -
Desabotoam-me a camisa,
Sorriem da aparente harmonia
Com exclamações do tipo:
Como reluz este ouro!
Como ele te enfeita a aparência!
Esboço um sorriso
Que termina numa careta desconsolada,
Externamente bem disfarçada, a bem da verdade,
(O desconsolo de uma alma doentia e solitária
Dentro de um corpo aparentando saúde total),
Caçando no ar - o ar fresco revitaliza -
Um pouco de coragem para enfrentar-me,
Ressuscitando então, momentaneamente,
Aquela fé equilibrante que já não possuo...
Trago comigo uma corrente de pura ilusão,
Sem o símbolo norte da verdade e da vida!
Qualquer dia, de qualquer mês, creio que do ano de 1.970.