Vã-glória

Ah, do pequeno arquipélago rei

Se abres as asas largas sobre o mundo

E o mundo abre os mares fundos sob ti

Vais de encontro ao assoalho duro e frio

Onde governarás, soberano, o pó seco

O mundo é tudo, muito, tudo que há

O mundo é globo, redondo, rotundo

Girando, robusto, no meio do nada que há

Triturando a matéria orgulhosa

Todo-poderosa, que assim pensa, morta

Tonta do giro dos elétrons ao redor dos mesmos umbigos

Sem carga, pois areia, cinza, vã...glória

De quem se vangloria das ilhotas soltas

No mar, naufragando em meio às frotas

Imperialistas, colonialistas, indiferentes

Aos totens soberbos às orlas quase desertas

De tão povoadas de grãos sem praia

Pois o mundo é mais, é muito, é a volta

Ao redor em globo, gordo, guloso

E satisfeito de ser redondo moinho

A pisar as uvas das pretensões sem fim

Dos todo-pouco-poderosos, insuspeitos monarcas

E devolvendo-lhes todo o vinho do mundo

Que lhes faz sorrir, felizes, sem nada do tudo que há