ARMADILHA
Vaqueano coração galgo
de porte nobre e fidalgo,
vem trotear no meu potreiro
vem me cobrir de mandinga
sentir o meu sarandeio
pomba/gira, minha ginga
Eu sou bicho sem retoque,
arma branca, sou bodoque,
laçaço de pouca dor,
negrinho do pastoreio
no formigueiro do amor.
Vaqueano coração galgo
gavião mouro, querendão,
vem me sevar tal qual erva,
e me sorver tragos longos
quero ser teu chimarrão.
Eu sou bicho sem retoque
arma branca sou bodoque
xirua e missioneira
sem/vergonha,feiticeira
na arapuca do amor.
Vaqueano coração galgo
de porte nobre e fidalgo,
vem atiçar minha gana
neste meu jeito cigana
penetrar no meu espaço,
tatuar sangue no abraço
plantar a tua semente
na Armadilha do meu ventre.-
Do livro XIRUA/1984