O INUSITADO

O INUSITADO

Eis-me aqui:

em frente a um teclado,

inventando letras e comendo palavras,

com o pensamento na ponta dos dedos,

à procura dos acentos e das cedilhas.

A sensação é que me fizeram de argamassa

e eu tenho de colar o vocábulo ao seu sentido,

com um lapso de amnésia pelo meio.

Os movimentos são mecânicos e secos!

- nenhuma harmonia se percebe –

entre o sentimento e a visão.

Penso no parto sem dor

e até no ofício de carpir com as mãos,

quando a linguagem poética era ainda

a conotação plena do silêncio.

Verdes tardes! hoje o inusitado são vocês.

Basilina Pereira

Basilina Divina Pereira
Enviado por Basilina Divina Pereira em 23/05/2010
Código do texto: T2275566