O INUSITADO
O INUSITADO
Eis-me aqui:
em frente a um teclado,
inventando letras e comendo palavras,
com o pensamento na ponta dos dedos,
à procura dos acentos e das cedilhas.
A sensação é que me fizeram de argamassa
e eu tenho de colar o vocábulo ao seu sentido,
com um lapso de amnésia pelo meio.
Os movimentos são mecânicos e secos!
- nenhuma harmonia se percebe –
entre o sentimento e a visão.
Penso no parto sem dor
e até no ofício de carpir com as mãos,
quando a linguagem poética era ainda
a conotação plena do silêncio.
Verdes tardes! hoje o inusitado são vocês.
Basilina Pereira