PUPILA SURDA

Há uma nuvem finíssima

Uma névoa que não sei dizer

Uma suave dor tocando uma melodia

Uma sonata de amor

A cada dia

Uma pupila surda

Um sonho ofegante

Uma carência muda

Um navio distante

Há um deus que ali mora

Uma incompreensão que devora

A suavidade dos jasmins

A voz de todos os ventos

Pelo mundo afora

Um segredo de caixa

Tal Pandora

Algo que não se diz

E apavora

Um vulcão prestes a explodir

Uma ilusão quer partir

Na pele a angústia das horas

Na fronte uma coroa

D’espinhos

Na boca plácida o sabor

Do amor

Num cálice de vinho