Miragem

Deitada sobre a magoa

deixada por seu amado,

A moça do arco dourado,

Crava em seu peito ferido,

uma adaga.

O sacrifío mata o corpo,

não a alma,

e como uma alma pagã,

suicida ela vaga,

perdida,

até que seja salva,

pelo mesmo que causara sua morte.

Por sorte,

Ou por forças ocultas maiores,

Vem em seu cavalo,

Um homem de armadura prateada,

tão reluzente quanto seu semblante.

As mãos a bandeira de vosso império,

Um ar vitorioso,

que ao se deparar com o corpo morto

da jovem a quem dedicara suas juras,

Consumido pela dor,

salta do cavalo e se curva

diante do corpo ferido,

coberto de sangue e dor,

Seus prantos,

corando-se de rubro.

e morrendo ao solo seco.

O Céu aos poucos começa a chorar,

e us face coberta de lágrimas,

desprende um grito de dor,

que propaga-se pelo vazio.

A face pálida,

manchada pelas últimas gotas de vida,

A mão sobre a face pálida,

A dor velando a morte.

Eis um herói entregue ao sofrimento,

que por um momento e por toda vida

esquece suas vitórias.

As mãos tremulas

agarram a adaga,

os olhos se fecham,

a face banhada de pranto,

o grito de dor ecoando,

Aos poucos vai se calando,

e o héroi vencido debrussa-se

sobre o corpo de sua amada.

Ao lado da mão manchada,

a adaga banhada de sangue,

o sessar da chuva,

e presente o silêncio da liberdade.