QUANDO CONSEGUIR DORMIR
Olhar para o outro com a retina de seda,
apertar a sua mão com a candura de um rebento tibetano,
abraçar o amigo feito folha que cai no começo do outono.
Perceber que o mundo tem tantos mundos quanto pudermos aninhar,
e que cada um reina absoluto nos confins dos seus sonhos,
e que tudo é importante principalmente pelos detalhes que deixamos vazar pela nossa alma.
Ser capaz de amar quando a dor disser que virá jorrar seu semen no nosso peito,
ser capaz de chorar quando as comportas do medo não se incorporarem mais,
ser capaz de sorrir quando o lastro se fizer criança de novo.
Entender que as coisas têm o seu feitor, o seu cabresto, a sua sina,
esquecer de comer, de vestir, de gozar, sempre que convocado for pelo seu irmão,
fazer do seu atalho a voz que trará até quem não conhece de volta à vida.
Descobrir nas fechaduras da alma o bálsamo que saciará o que tiver de mais fugido, de mais rançoso, de mais encardido,
furtar de Deus as pegadas para nunca esquecer como voltar para casa e, sobretudo,
conseguir dormir feliz só quando todo o mundo estiver repousando por inteiro.
Conseguir dormir feliz só quando todo o mundo estiver repousando por inteiro.
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