A RASPA DO TACHO

Vem como um aceno, um fogo ameno, um rebento fugido da nossa alma.

E vai se dissipando nas nossas fronhas mais caladas, tal névoas que o tempo não conseguiu fecundar com suas garras.

E começa a nos envolver quem nem abraço de pai, que nem chaga que quer detonar todas as células que couberem dentro de nós, e as

que não couberem tambpem.

Nessa dança sem parceiro e sem esteio,

vamos terraplenando o que temos de mais atado nos nossos sonhos,

jogando uma gosma empedrada como fardo que nossas costas desandaram de carregar.

Assim passam os dias, os ventos e os cheiros,

e tudo vai se focando numa pilastra de fé, numa farsa que muitos até chamam de vida, ou qualque coisa que o valha.

As raízes se seduzem para gerar novos rios,

o fogo que outrora se travestira de folguedo, hoje é mais uma gélida fagulha dessa paixão que apetece cada vez mais.

Onde estão os guardas, as trancas, os chinelos encardidos que tanto nos fizeram chorar ?

Onde estão os medos tão meninos e tão bastardos que, por certo, ainda teremos que cerzir nessas meias puídas?

De nada vale ficar entricheirando o sonho, nem, sobretudo, esperar que o tiro erre seu alvo mais uma vez.

De nada vale querer estourar os pulmões com berros transloucados de piranha que deixou seu freguês fugir sem pagar a noitada.

De nada vale querer escutar o que o chão diz, ou o que a poeira insiste tanto em traduzir.

Hoje as velas ficarão caladas, o desejo não irá incorporar o exú de sempre e, acredite, a dor não será mais a rainha de todas falas.

Porque o dia chegou para todos e quem não puder curvar-se diante dele que se dane para sempre. Ou que morra de vez.

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