Feridas
As feridas que percorrem
Como um rio que vaza
Arrasta manchas,
Conseqüências, horas,
Minutos, dores do mundo.
As feridas que percorrem
Chagas de maldizeres,
Malmequeres, quedas,
Profundezas, infinitos labirintos,
Tormentas românticas poéticas.
Feridas, espinho de torturas,
Sangra o choro amargo,
Desgosto febril, paixões
Aniquiladas, tempestades
Vomitadas de gemidos e gritos.
Gozo labiríntico,
Assassinos violetas dançando
No meio fio da lamina que grita
Por injustiça.
Caçadores sorridentes, chupam
As mamas das cadelas,
Prazerosos inventam um hino
De orgulhosas melodias,
Cometas urbanos vagando
No transito parasita infernal,
Psicóticos opiarios abram asas
Nas rodovias quiméricas,
Feridas que reclamam, discursivas,
O pobre Nietzche que chora,
O amargurado Shopenhauer,
As feridas que cercam como espinhos.
Os galhos que dançam
No pescoço do carrasco,
Feridas que sugam
Sangue feito vampiro,
Vermes políticos que dançam
De olhos vendados trazem
Feridas no lado esquerdo do rosto,
Cadelas vomitando letras assassinas
Nos corações dos inocentes.
Feridas que cercam o corpo,
Chagas que brilham,
Gelo que esfria cabeças de loucos,
Geada que fere plantas de um jardim,
Meninas malcriadas lançando palavrões
No ar,
Gemidos de garotos deitadas na relva.
Brincadeiras cegas,
Crimes luxuriosos
Em mentes descoloridas.
Sorriso brilhante na boca vulcânica
Despejam lavas na massa
Endeusada.
Sou o iconoclasta que fere
A ferida amarga,
Sou a ferida que sangra
Que reclama da pele aberta.
Sou o sorriso da sua dor,
A sua ferida
E a sua despedida.
(Rod.Arcadia)