Feridas

As feridas que percorrem

Como um rio que vaza

Arrasta manchas,

Conseqüências, horas,

Minutos, dores do mundo.

As feridas que percorrem

Chagas de maldizeres,

Malmequeres, quedas,

Profundezas, infinitos labirintos,

Tormentas românticas poéticas.

Feridas, espinho de torturas,

Sangra o choro amargo,

Desgosto febril, paixões

Aniquiladas, tempestades

Vomitadas de gemidos e gritos.

Gozo labiríntico,

Assassinos violetas dançando

No meio fio da lamina que grita

Por injustiça.

Caçadores sorridentes, chupam

As mamas das cadelas,

Prazerosos inventam um hino

De orgulhosas melodias,

Cometas urbanos vagando

No transito parasita infernal,

Psicóticos opiarios abram asas

Nas rodovias quiméricas,

Feridas que reclamam, discursivas,

O pobre Nietzche que chora,

O amargurado Shopenhauer,

As feridas que cercam como espinhos.

Os galhos que dançam

No pescoço do carrasco,

Feridas que sugam

Sangue feito vampiro,

Vermes políticos que dançam

De olhos vendados trazem

Feridas no lado esquerdo do rosto,

Cadelas vomitando letras assassinas

Nos corações dos inocentes.

Feridas que cercam o corpo,

Chagas que brilham,

Gelo que esfria cabeças de loucos,

Geada que fere plantas de um jardim,

Meninas malcriadas lançando palavrões

No ar,

Gemidos de garotos deitadas na relva.

Brincadeiras cegas,

Crimes luxuriosos

Em mentes descoloridas.

Sorriso brilhante na boca vulcânica

Despejam lavas na massa

Endeusada.

Sou o iconoclasta que fere

A ferida amarga,

Sou a ferida que sangra

Que reclama da pele aberta.

Sou o sorriso da sua dor,

A sua ferida

E a sua despedida.

(Rod.Arcadia)

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 26/04/2010
Código do texto: T2220583
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