ABRIL

É indispensável festejar abril

De noites tépidas

Abril é uma boca quieta

Beijando o halo da lua

Um convite à solidão das ruas

De mariposas cobertas

Um desespero de amor

Um desejo abortado

Desconhecido absorto que passa ao lado

Apito triste de barcos no ancoradouro

Abril é uma mulher desiludida

Um cigarro aceso na sarjeta

Uma melodia perdida

Dois sozinhos

De saudades falando na saleta

Menina inocente

Atiçada adolescente

O adulto que vive de suspirar

Abril é porta de maio

Do canto de noivado

Da moça casando com o amor trocado

Março é quem abre as portas de abril

Fecha o estio

E silencia uma canção

Percorre um arrepio

***

OLHE O O SARGENTO JORGE, GUERREIRO DAS PALAVRAS, FESTEJANDO ABRIL E ILUMINANDO A MINHA PÁGINA:

"Abril é esperança

de outono sereno;

trinário ameno,

sem fôrca ou derrama,

Joaquim na lembrança/

e Jorge vencendo

o dragão da maldade:

mas que ruindade!

nenhum chocolate,

gurizada sofrendo

de obesa idade

- no calendário,

Abril, em verdade,

é início de fato"