OLHOS ALHEIOS...
Tenho em mim um poema solto,
bradando em idiomas desconhecidos.
Tudo soa bem, como num canto espanhol;
tudo solto e arisco, feito um touro indomável.
Meu poema parece uma pintura inacabada.
A cada hora que se olha se mostra de um jeito.
Cavalo indomável desembestado dentro de mim;
Olhos alheios pra dentro do dono se vendo distorcidos.
Poeta louco que não faz com que nasça o seu poema.
Guardando pra si o que há de melhor. Turvando
o poema nítido que brilha sem vida no oco
peito desvairado do criador-criatura.
E os ares que se tornam intensos fazem brotar poesias
antes hibernadas nos escombros do ser humano
que nasceu poeta e brincando de tímido eterno
brinca de lançar poemas soltos, letras vagas.
Tenho em mim um poema solto,
que se ajuntassem as palavras
daria uma poesia alforriada
de leis e conceitos retos.
Tenho em mim um poema solto,
seus olhos o formatarão
do jeito que quiser
que se eternize.
Que se eternize
em ti!