OLHOS ALHEIOS...

Tenho em mim um poema solto,

bradando em idiomas desconhecidos.

Tudo soa bem, como num canto espanhol;

tudo solto e arisco, feito um touro indomável.

Meu poema parece uma pintura inacabada.

A cada hora que se olha se mostra de um jeito.

Cavalo indomável desembestado dentro de mim;

Olhos alheios pra dentro do dono se vendo distorcidos.

Poeta louco que não faz com que nasça o seu poema.

Guardando pra si o que há de melhor. Turvando

o poema nítido que brilha sem vida no oco

peito desvairado do criador-criatura.

E os ares que se tornam intensos fazem brotar poesias

antes hibernadas nos escombros do ser humano

que nasceu poeta e brincando de tímido eterno

brinca de lançar poemas soltos, letras vagas.

Tenho em mim um poema solto,

que se ajuntassem as palavras

daria uma poesia alforriada

de leis e conceitos retos.

Tenho em mim um poema solto,

seus olhos o formatarão

do jeito que quiser

que se eternize.

Que se eternize

em ti!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 23/04/2010
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