água

Venha ,ó vida

Respingando por entre as rachaduras de minha casa mal construída

Que penso chamar de alma

Transbordando por cada um dos móveis de minha consciência

Venha e me acorde

Eu que tenho sono permanente e que não consigo dormir

Que durmo e não me sustento

Que faço dos sonhos a vida que esqueço viver

E que vivo,achando que é sonho

Venham todas as almas que não possuo

E que por isso são belas

Venham,e me batizem com a sobriedade

Ou com o oposto,ou outra coisa qualquer

Mas não me deixe estar no meio termo

Não me deixem nessa vida que vale tanto quanto o chá que pego na geladeira

E que ainda sim não mata minha sede

Não me preenche a sede,apenas finge e se supõe

Estou farta de ser deserto

Venha resto de vida,me acorde

Seja a chuva para essa alma feita de areia e sal

Mate o calor abafado da vida

E limpe o meu corpo do suor das magoas

Venha chuva,me lave e me banhe

Com o brilho vital que eu não tenho

Seja um Oasis real

Para uma alma que só tem visto miragens