AS METADES DE UM POETA...

Meu Deus!

Agora em mim há dois “Eus”.

Um meio louco e meio poeta.

Outro meio chato e meio careta.

Este está a ocupar a maior porção do meu eu.

A parte poeta é intensamente sonhadora;

chega, no desprezo dela, a enxergar amor.

A parte homem tem os pés fincados no chão;

vê desprezo até quando ela me dá amor.

Duas metades formando um todo desfigurado.

Partes que não se dão bem e que se confrontam...

Uma, vê o mar e se delicia.

Fica horas a admirar o arco-íris;

parecendo criança quando aprende a andar.

A outra vê o mar e sente náuseas,

passeia sob o arco-íris tropeçando nas pedras;

não sente a brisa, vai com a cabeça no chão:

trabalho, dívidas, família e a compra do pão...

Difícil é contrabalancear dentro de um corpo:

duas idéias, duas sentenças, sonhos distintos.

Mais difícil ainda é saber que a parte homem

real está dia-a-dia vencendo a parte romântica...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 14/04/2010
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