PEQUEI, SENHOR

Pela Eternidade pedirei perdão

Por me haver permitido

Por perder da razão o sentido

Perdão nas asas inocentes de um passarinho

Perdão no brotar da Primavera

No calor do Verão

Perdão no cair das folhas do Outono

Perdão no pranto do Inverno

Pelo espaço eu pedirei perdão

Clamarei aos astros

Os pés de Deus eu beijarei em vão

E aceito que me abandone no desconhecido

Que me tranque em cela

Que meu corpo inteiro seja ferido

Que aquelas pedras não sejam interceptadas

Que minhas vestes sejam aviltadas

Que meus pés sangrem pelos espinhos na estrada

E meus olhos não vejam a luz do sol

Que o mar seque se na praia eu pisar

Que a lua em seu vestido de nuvens de mim desdenhe

Que como a figueira seja o meu pensamento estéril

Que pelo mundo vague chorando sem consolo

Sem que de mim mesma

Tenha a mínima noção

Até que por tudo isto e ainda mais

Seja possível o perdão