CLIMÁTICA

Tomara, Pai,

Que tudo isto esteja certo

Perder o brilho no olhar e nos cabelos

A maciez e o viço da pele

A poesia que há nas mãos

O gosto do beijo adejando os lábios

Como borboleta de mel

O calor do peito em outro a palpitar

A sensação louca de amar

Tomara que esteja certo

A força das pernas faltar

O peito em volúpia não mais arder

E de a tudo e todos não ter como enfrentar

Tomara que esteja certo

Os cabelos invernarem

O coração outonar

Tomara que esteja mesmo certo

A voz sumir

E um nome

Não poder gritar

A matéria não mais veranear

A lua não poder mirar

A vida não primaverar

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