PERDAS...

Perdi.

Perdi até a fé, são tantas causas impossíveis,

perdi a vontade de viver, é tudo tão cansativo.

Perdi a alegria dos domingos e a paz de antes,

perdi a fome de bola e as canções hoje enjoam...

Perdi.

Perdi o desejo de viver nesta casa sem vida e cor,

e como castigo vou acabar perecendo dentro dela.

Porque não desejo é que será assim. Sempre será

assim: o que eu não quero vira lei, fica imutável...

Perdi.

Perdi o amor que poderia ser o amor da vida minha.

Perdi por nada. Por não atravessar a rua e segurar

sua mão e dizer que o amor dela salvaria o mundo

de alguém. Assim foi porque, sei, nasci para perder.

Perdi.

Perdi no vento o último abraço que me salvaria a vida.

Porque faltou pujança no abraço dos meus braços e o

amor esquivou-se de nossos corpos e se foi noite afora.

Fugiu galopando as notas da melodia do nosso adeus.

Perdi.

Perdi o meu sono na noite, sozinho não durmo. Veem

os fantasmas do dia-a-dia e ficam a zombar de mim...

E eu vou curtindo a minha enorme inclinação de sofrer,

e meus olhos vão chorando um choro de quem perdeu...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 16/03/2010
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