PERDAS...
Perdi.
Perdi até a fé, são tantas causas impossíveis,
perdi a vontade de viver, é tudo tão cansativo.
Perdi a alegria dos domingos e a paz de antes,
perdi a fome de bola e as canções hoje enjoam...
Perdi.
Perdi o desejo de viver nesta casa sem vida e cor,
e como castigo vou acabar perecendo dentro dela.
Porque não desejo é que será assim. Sempre será
assim: o que eu não quero vira lei, fica imutável...
Perdi.
Perdi o amor que poderia ser o amor da vida minha.
Perdi por nada. Por não atravessar a rua e segurar
sua mão e dizer que o amor dela salvaria o mundo
de alguém. Assim foi porque, sei, nasci para perder.
Perdi.
Perdi no vento o último abraço que me salvaria a vida.
Porque faltou pujança no abraço dos meus braços e o
amor esquivou-se de nossos corpos e se foi noite afora.
Fugiu galopando as notas da melodia do nosso adeus.
Perdi.
Perdi o meu sono na noite, sozinho não durmo. Veem
os fantasmas do dia-a-dia e ficam a zombar de mim...
E eu vou curtindo a minha enorme inclinação de sofrer,
e meus olhos vão chorando um choro de quem perdeu...