Vem Outono!
Vem outono! Tire-nos desse abandono
De noites cálidas e insones.
Traga nas asas do vento
A amenidade do momento
Na serenidade das nuvens
Na calmaria do tempo.
Vem outono! Retome a normalidade
Dos loucos ponteiros
A saltar a frente da realidade dos fusos
Neste período insalubre e insano
Neste senso incapaz e confuso
Na irracional razão dos dias perdidos.
Vem outono! Aspirja um hálito de vida
Nesta paragem incerta e combalida
Até que Maio o confirme como regente
E que se apresente o seu presente
Embrulhado em fino papel enevoado
Das belas manhãs em bruma.
Vem outono! Tanja-nos até as barras do inverno
Oferte-nos um recanto mais terno
Livre das agruras deste rito.
Faça forte o que é frágil
E não me valendo de nenhum plágio
Mas, que enquanto dure, seja infinito.