O esquilo
Divido-me em vários eus
Encaro-me e vejo várias expressões ao mesmo tempo
Todas feitas com o meu rosto
Meu corpo
O arbusto se move
Todos os meus eus voltam a ser um só ser
Um esquilo está a me encarar
Desconcertado estou eu
E agora, que expressão usar?
Não sei interagir com os outros
Afinal, só conheço a mim mesmo
Nesta clareira, sem espelhos
Só eu, sozinho, com o céu
Céu azul, cheio de nuvens durante o dia
Céu negro, com brilhantes estrelas a noite
Céu cinzento, relampejando, ventando
Molhando meu corpo antes seco
E o esquilo que antes me encarava
Agora vem em meu caminho
Com seu graciosos dentes
Seu pêlo macio
Vontade louca de apertá-lo
Não sei o que fazer
Decido ficar parado
Esperar ele ir embora
Para que enfim possa voltar a me dividir
Ver meus vários eus
Trancar-me novamente em meu mundo