Pelos vãos dos dedos...

Parece que a saudade

Corre pelo meu corpo...

Deve estar pelas minhas veias

brincando num circuito aquoso...

A cada vez que penso em você,

uma nova derrapada pela pista,

uma roda que trava,

uma saída de lado...

O que corre dentro de mim

é um amor que enche os vasos,

que pesa e é comburente, é quente

e incendeia as veias e minhas entranhas...

Nenhuma pessoa percebe ao me olhar.

Nem mãe, que de tudo sabe consegue notar.

Transporto sempre esta saudade-dor para

onde eu for, feito um escravo ainda perdido

no tempo, que carrega o fardo na cabeça...

E, dói feito uma navalha cortando a carne.

e a ferida que fica todo o tempo sangra;

não há remédio para cicatrização...

Eu não posso demonstrar a dor,

tenho que ser forte. Um homem no norte...

Não funciona comigo. As lágrimas descem,

o tempo todo eu sigo pela via de cabeça baixa...

Quase todo mundo muda o tempo inteiro.

Menos eu, que sigo pela mesma estrada,

buscando o mesmo afeto,

sentindo a mesma agonia...

E, tudo continua como sempre foi...

Esta saudade é um restinho de vida

que a cada dia me escorre pelos vãos dos dedos...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 08/03/2010
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