Como um catavento
Qeum te conheceu na vida
Quem te viu....por ai...
De nada ja se admira...
Tal catavento postado...
No telhado de uma casa
Junto ao mar....colocada
Como ele...Tu me pareces...
Catavento que vai mudando..
Com o vento quando sopra...
Hoje....norte....amanhâ sul...
Depois para este...
e para oeste...
sueste ou sudoeste
Nao se entende.. como e possivel
Ser-se catavento da vida
Tentando ser o sol de toda a gente,
Palavras gentis..simpáticas..
Acolhedoras..amaveis...queridas..
Manter ..paixões sempre vivas..
Sem nunca tentando pousar..
Com cuidado...sem magoar..
Que triste sera uma vida
De paixoes assolapadas..
Sem se pensar sequer..
Se magoam..se ferem ou doem.
Tal qual o catavento..
Sempre inconstante..
Se muda de amor...hoje
Porque o vento e sul..
E é suave..quente..apetecivel..
Mas logo ..muda para sudoeste
E torna-se mais agreste
Vindo do norte..entao e a desgraça
violento..desvairado...
batendo em todo que é lado..
E la se vai o amor..
Tao querido...e tão amado...
que de tanto apaixonado
Se passa para outro lado
E vem o nordeste.
bem mais proximo do quente
mais ameno..mais celeste
propício a mais uma paixão
Porque então chega o vento suão
E com ele outra ilusão
São paixões pouco duradouras..
que o vento as leva e trás
Tal qual o vento suão..
Que deixa areia nos olhos da gente..
E então ...veem as palavras..
mui sofridas de desgraça, da tristeza,
de desespero..falhadas.
Que pena ..que o catavento..
Não explica ..que e por causa do vento
que ele se vira
Cada dia para seu lado..
O catavento ja sentiu
Tantas mudanças do vento
Que..ate ja se ri..
Por ele mudar tantas vezes
E nao conseguir assentar..
Ou ser norte...ou nordeste..
ou noroeste também
sul..sueste..sudoeste..
Mas..vento suão..não quer ninguem..
É vento do deserto
Trazendo areia quente
Que tudo queima ..por onde passa
Tudo o que lhe aparece pela frente
É ruim este vento...
que o catavento conhece
Melhor que ninguem..neste mundo..
E jamais ...o quer sentir
Escondendo-se em qualquer lugar..
E o deixa passar...sem o ver
Porque ..mais tarde..e ..a seguir..
Logo vira ..outro vento
Aliviando o catavento
E esperando o temporal
Que..de novo ai vira..
Com choros..lamentos...e tristezas..
que já a ninguém comove
É pena..ser-se um catavento
Mas não...é somente...vento
Lisboa (Cascais) 15 de Maio de 2004
Colectânea ( Desmandos de cabeça fria..)