AS PEGADAS NA MINHA AREIA

Você é meu porto seguro,

minha rédea bendida,

minha taça amiga.

Você é meu cais que nunca fecha,

regato onde minha alma vai catar a sua fé,

atalho onde meus caminhos se espelham com todo vigor.

Você é meu terceiro braço, talvez o primeiro,

minha voz menos rouca, minha sombra mais densa,

a fronha em que repouso meus sonhos de Quixote.

Você é meu sangue, meu musgo predileto,

bálsamo que acalenta esses calos que tanto fazem recuar,

ar que frangalha meus sufocos da alma sem pedir trégua.

Você divide comigo os fardos que a vida nos abençoou,

melodia com quem reparto os martírios que arranco dos céus,

ninho em que deporto tantos fantasmas que até perco a conta,

que até perco de vista.

Você é a rinha onde meus galos de briga vão provar seu vigor,

rainha iluminada e platéia única dos meus folguedos de arlequim,

varanda onde minhas fantasias vão desnudar todas suas farsas

só para poder dormir em paz.

Você é a dádiva que a vida fez parir no meu útero,

álibi querido para as tonteiras que fincarem por aqui,

quando olho pra trás vejo somente suas pegadas na minha areia.

Quando olho pra trás vejo somente suas pegadas na minha areia.

Pra mim mulher, Quézia, companheira desde 1991, desde sempre.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 27/02/2010
Reeditado em 20/03/2011
Código do texto: T2110025
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