DESMEMORIADA
Gostaria de estar desmemoriada
Far-me-ia tão bem!
Olhar todo mundo aparvalhada
Sem histórias e sem nomes
Minha vida em cada ato
Atuado e completado
Logo após, simplesmente esquecido
Ah sim, queria ser uma desmemoriada
Começar a vida a cada instante
E encerrá-la como por encanto
Cada fato, tudo novo
Cada história, novidade
Nada mais se amargaria
Nada mais se guardaria
Um ser vivo, todo livre
Bem aquém da realidade
Nem o mais cruel escárnio magoaria
Pois de logo esqueceria
Num renascer puro e perfeito
Tão singelo e prestimoso!