QUE TAL UM PROGRAMINHA?

Quem já assistiu ao filme Jogos Mortais? Acredito que poucas pessoas. Afinal, cinema, assim como qualquer outra arte, é uma coisa que a maioria dos brasileiros menospreza. Quem assiste o BBB? Ah... agora sim, se por acaso a maioria dos brasileiros também lessem, até poderiam opinar, todavia... esquece!

A comparação que desejo fazer aqui é a seguinte, no filme Jogos Mortais, um serial killer começa uma onda de assassinatos com pessoas anônimas, pondo-as num jogo em que as mesmas devem fazer alguma coisa para salvar suas próprias vidas, cada jogador é escolhido por um critério de sentido e valor à vida, ou seja, o assassino as escolhe partindo do seguinte princípio: se tendo uma boa vida e saúde, você - fulaninho de merda - não dá valor a viver, vamos ver se de cara com a morte, sua vida fica mais interessante.

Portanto, não pense que o danado BBB é diferente: é um jogo mortal, não mata o corpo de ninguém, mas assassina a sombra da verdade e dá luz à ignorância. Por aqui, algumas pessoas sabem como detono e jogo na maior miséria cultural qualquer reality show, só serve para tornar a massa popular mais ignorante e assim diminuir a massa cefálica, ou seja, “cérebro”, da cabeça social.

Um dia desses, teve uma prova em que cada participante, com uma tesoura de jardineiro, deveria, para eliminar outro “brother”, cortar o pescoço de um busto com a fisionomia referente a quem lhe coubesse extinguir.

Agora, imagine só uma criança assistindo isso, depois ir ao jardim de sua casa e encontrar uma tesoura igualzinha enquanto seu irmãozinho que lhe fez raiva no jantar, fazendo-o ficar de castigo, está dormindo. Olha só, está lá o serial killer sem criatividade alguma até assistir o programa e lembrar que tem uma tesoura dessas em casa enquanto sua vizinha ao lado chega sozinha numa noite escura e deserta.

Programinhas como esses apenas fomenta a carnificina, o desejo de posse, o sentimento de poder e a ansiedade do maldito reconhecimento social – essa balela criada pelo capitalismo. Lembremos bem sempre que comento sobre tais programinhas: o prêmio é de um milhão, oh... que bufunfa! Coisa nenhuma, o programa arrecada cem vezes mais e esse valorzinho não passa de esmolas, migalhas azedas! Acho que surgiu daí o ato de sair com uma prostituta e pagar-lhe dez mangos por um orgasmo imbecil... ou seja, “que tal um programinha?” Ou seria os programas da idiota comunicação social se chamarem assim por se tratarem de um mero ato de prostituição. É isso mesmo, a TV é um tremendo bordel!

Talvez você pergunte: “ah, mas esse babaca aí fala mal do BBB, mas sabe tudo que se passa por lá...” Claro, na condução o povo só fala nisso, na faculdade, nas escolas, no trabalho e até no barzinho, que é meu antro de espiritualidade!

Droga, nessas horas queria ser que nem o meu amigo mudinho lá do interior. Não ouvir nada, pois na hora que ouço meu corpo para, já o mudinho amigo meu, mesmo sem ouvir nada, dança no carnaval as melhores marchinhas de frevo e os mais honrados sambas, embora esteja tocando funk, forró eletrônico ou axé music...

Como gritou o nobre Henrique Diógenis: "Quem tem o dom de sentir não precisa de sentidos, quem sonha e tem imaginação não precisa de paladar, olfato, tato, nem visão..."

... Podemos ouvir todas as vozes, desde que a voz de quem fale não se pareça com o relinchar de um jegue.