A DOR DA ESPERA
A dor da espera só dilacera,
desacelera o coração,
desaperta a razão.
Não tem lógica, nem tampouco regra,
sina da qual não se pode ausentar,
caminho sem atalho pra nos tirarmos dali.
Uma cicatriz que começa do nada e vira o tudo,
ferida latejante que cutuca os nossos confins sem pena,
e fica todo tempo nos chamando pra briga sem fim.
Essa dor se finca feito mastro de fé,
só pra gente ninar, amamentar e por pra dormir,
só pra gente precisa entender, alinhavar e arrematar toda hora,
como se fosse a proteína que moverá toda nossa a nação.
A dor da espera é maldita, é bendita,
entra sem pedir licença e fica até quando bem entender,
ser bizarro que dilacera nossa calma sem perdão.
sangue quente que nos percorre por todo canto da alma.
E uma dia vai embora, esquece de dizer adeus,
e cederá seu lugar para a colheita, a calma, para o sono de fato.
Cederá seu espaço para podermos desfrutar das varandas cheias de luz,
cederá seu corpo para podermos, finalmente, viver em paz.
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