Intruso

Deita-se ao por do sol

quando aparacem as luzes

vagas

lumes na floresta

e a coruja pia

canto noturno

sem festa.

Deita-se mudo

na solidão da lua

uma rede acolhe-o

suave

carinho solitário

noite muda.

Há um coração urbano

cimento e asfalto

desacostumado

dessa vida singela.

Há um coração minado

coração da noite

dos neóns

dos sons metralha

que sente falta

dos cheiros

de gente e cidade

refúgio sagrado

das emoções rasas.

Coração onde inquietude vaga

veste-se nas ruas

do concreto armado.

Há olhos que sentem falta

de reflexos

dos faróis

nas vidraças

de praças apinhadas

das idas e vindas abstratas.

Há um intruso no ninho

da gaiola

coração

sem demora

quer bater asas.

FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 17/02/2010
Reeditado em 18/02/2010
Código do texto: T2091657
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