Intruso
Deita-se ao por do sol
quando aparacem as luzes
vagas
lumes na floresta
e a coruja pia
canto noturno
sem festa.
Deita-se mudo
na solidão da lua
uma rede acolhe-o
suave
carinho solitário
noite muda.
Há um coração urbano
cimento e asfalto
desacostumado
dessa vida singela.
Há um coração minado
coração da noite
dos neóns
dos sons metralha
que sente falta
dos cheiros
de gente e cidade
refúgio sagrado
das emoções rasas.
Coração onde inquietude vaga
veste-se nas ruas
do concreto armado.
Há olhos que sentem falta
de reflexos
dos faróis
nas vidraças
de praças apinhadas
das idas e vindas abstratas.
Há um intruso no ninho
da gaiola
coração
sem demora
quer bater asas.