Maria de cinzas

Maria de cinzas

No rio Maria

desce a ladeira

de noite e de dia

descalça e faceira

La vai a Maria.

De pele morena

vestida de flores

com a lata vazia

camufla as dores

Maria alegria

Maria de amores.

Do pote transborda

a água que molha

os olhos confusos

princípio da vida

O pranto acalma

o calor alivia.

Na cabeça, a rodilha

na mão, o moleque

seu fruto rebento

de um amor proibido

esquecido no tempo.

Sonhando no asfalto

o samba no pé

incansável na fé

se lhe falta o café

vê o tempo esperança

Maria mulher.

E assim vão_se os dias

esperando Maria

fevereiro chegar

se banhar purpurina

na avenida entrar

e morrer na folia

Maria_menina.

Quando as cinzas chegarem

lata d'água a banhar

sua triste alegria.

De amor e saudade

Já nao há fantasia

a chorar com Maria.

FATIMA MOTA