O Boi de Dora
O que será isso que vem de lá ?
De longe um estrondo se escuta e
Um rio rubro-negro se avista
Escorrendo do Alto Santo Antônio.
“_Boa Noite meu senhor,
Boa noite minha senhora ...
Esse boi que chegou agora
É o Boi de Dona Dora...”
Fazia do carnaval um sonho
De todos que ali se encontravam.
Não havia hora marcada,
Nem precisava comprar senha.
Era ver, ouvir e se envolver
Inesquecivelmente por toda vida
Olha o boi! Olha o boi! Olha o boi!
Lá vem o Boi de Dora
Arrastando a multidão em festa.
Tomando conta da rua curiosa
Pulando a cantar num só ritmo.
- Corre, Magal, lá vem a burra doida !
E meu coração batendo forte
Na pulsação dos tambores e taróis ...
Toins que dom!, toins que dom!.....
Môôôôôônnnn, uma corneta ressoava
Imitando um mugido....
Era o boi tomando vida,
Era a vida pulsando em loas.
As crianças brilhavam nos olhos
E o Mateus figura imponente
De enorme lança na mão,
Majestosamente fazia mesuras.
E o boi rodopiava, dançava em círculos,
Dava chifrada nos moleques que puxavam
Seu rabo,
Jogava a cauda em cipoadas no vento.
- Olha o morto-carregando-o-vivo !!!!
- Olha o bêbo dançando de um pé só!
A mulata mais bonita do morro
Carregava o porta estandarte
Com toda maestria.
Não importando quem antes era,
E sim a rainha que se mostrava.
Oi, Oi, Oi,
Essa nêga ta de boi !
Oi, oi, oi
Essa nêga ta de boi ! ....
E a cidade em festa
Celebrava com seu canto
Aquele pedaço de imortalidade
Deslumbrada no renascer de toda gente.