A uma Pianista - Antônio Candido de Figueiredo
Não vês aquele Erard, um monstro de madeira,
Abandonado, triste, ao canto de uma sala?
Parece dormitar; não ouve, não te fala;
Descansa ali, talvez, prostrado de canseira.
Pois bem! Escuta-o agora: estremeceu! suspira!
E cisma! e devaneia uns íntimos segredos!
O monstro chora e ri! exalta-se! delira!...
É que sentiu no dorso os teus formosos dedos.