SAUDADES

Um dia você se mandou de mim,

pegou suas malas, falas e foi sem fim,

nem lembro mais a última vez que te vi,

não teve tempo pra dizer adeus,

foi embora de um jeito que nunca entendi.

Aquele dia foi fogo, triste partida,

mas como tudo na vida, vira ferida,

o tempo é senhor, tudo cicatriza,

a gente até esquece do que mais precisa.

Você foi um grande amigo, sabia,

não tinha porta fechada, nem mal dia,

o teu ombro estava sempre pronto pra mim,

e eu mal sabia que tudo acabaria enfim.

Quem te levou não pediu licença,

nem quis saber se estava na minha hora, que pena,

mas essas coisas não são como a gente pensa,

e mostram como a nossa alma é pequena.

Hoje cada vez tenho menos saudade,

cada dia você fica mais longe, mais longe,

essa é a lei da vida, que posso fazer?

Não adianta lamentar, o caminho faz esquecer.

Mas hoje tudo isso acordou diferente,

aquele cara que estava tão longe, está do lado,

trouxe seu cheiro, seu brilho, seu abraço amado,

trouxe seu colo, seu carinho, seu corpo presente,

seu corpo presente.

Meus olhos ficaram chuvosos, como dói

nem sei esse sentimento pra onde vai, como corrói,

mas um dia os nossos caminhos vão de novo se achar,

obrigado por tudo que fez por mim, meu pai.

Dedicada a meu pai, Geraldo Silbiger, por quem tenho a maior saudade

do mundo desde 2002, desde sempre.