"BORBOLETAS NO CAMPO" ( Pintado com a boca, por: Jung Eon Hwang...)




Mosaico de mim...




Não sei quando cheguei...
Nos meu olhos reluziam saudades
Nos meus ouvidos, um zunido que trazia o som dos silêncios
Dei a perceber que o meu coração estava preso
em um calabouço disfarçado de felicidades falsas.
Úmidos sonhos que molhavam meus travesseiros

Eu tinha os olhos quebrados
Minha boca tinha febre
Meu corpo estava gelado
Com mãos delirantes
rasguei a lona longa e negra
E sai de mim...

As ruas estavam calmas
Eu via por outra dimensão
As cidades, os campos
Ninguém, nada sorria!
E quem sorria, era gente que antes fora não-gente

Uma plebe passa por mim,
E nos seus passos poucos, curtos e lentos, me entrega um panfleto
Não me diz uma só palavra, não olha para os meus "Eus".
Cabisbaixa, se afasta da mesma maneira que surgiu.
Leio o papel sem impolgação nenhuma:
-Vá hoje na arena contar sua história;
-Nós somos, sem a necessidade de ser!

- Espere! Onde estou?... (Atropelei a charada...)
Acabei com a caminhada antes do início da minha metáfora...
...E o meu dia se fez de não me entender

Foi quando o eu mosaico se despencou em cacos
E os fragmentos de saudades saíram de meus sentidos,
até então desligados, cegos para a realidade de pecados

Novamente as ruas estão agitadas
Massa em movimentos curvos...
...E eu já não mais surdo,
revejo os povos e suas faces variadas...
Lutadores das verdades sendo massacrados
Sem dó nem piedade!
Corruptos em ação
Corrompendo o resto da dignidade da nação!...
Homens com suas ambições maiores que a suas barrigas em formato de barril.

Eu?!...
Contar minha história para quê?
Se sou apenas mais um civil, sem nem mais nem porquê!...

Ah! Eu quero meu mosaico de novo,
Vou sonhar, fugir daqui...
....Voar junto às "Borboletas no Campo”

* Poesia, me resgate.
  Nos teus braços, não há mal que me abate!!!