Vazio
Peito seco, alma vazia...
Vazia de sonhos.
Onde foi parar a poesia?
Se ela está por perto,
Sinto-me inundada,
Imersa num óleo de bálsamo.
Meu íntimo desfalece,
Fogem-me as palavras.
Não recito sequer uma prece...
Olho o arrebol,
A neve branca e fria...
Busco o pôr-do-sol,
Sigo vazia...
A cachoeira, o burburinho,
A montanha azul,
A curva do caminho.
Estou manina...
Inspiração falha.
A pena borra.
A rima não calha.
O grafite quebra.
A tecla trava.
Sinto-me perecer, minar.
Vegetar...
Quero de volta o encanto.
Meus sonhos, as fantasias.
Inundar-me no pranto.
Fartar-me na alegria.
Tire-me a vida, oh Deus!
Mas não me tire a poesia.