Medo de mim, amanhã..
Medo de mim, amanhã...
Não que eu tema, mas os semáforos estão fechados
Os muros já foram erguidos, já recolheram as pontes.
A fantasia há muito não mora mais nos olhos dos homens
Sonhar? Já não me atreveria.
Não que eu tema, o temor também se fez inútil e
a vida prossegue apesar de tudo, e sem condolências
as preces todas parecem presas por reticências
e os dias nascem por pura insistência,
os anjos dormem no azul longínquo da inocência
a cobrar-nos o despertar da consciência
E por ser ausente, torno-me cúmplice, ainda sem intuito
Não posso dizer o que sinto,
E nem ao menos sinto muito.
Tonho França.