CHEGADA
Eu venho de longe
Sou de onde consegue tocar meu pensamento
Não há pecado em meu mandamento
Venho de muito ontem
Sou a ponte que não atravessa nenhum destino
O silêncio é minha água, meu pão, meu hino.
Venho
Com pressa de chegar
Sou a cana faminta por se despedaçar
Nas mãos do engenho.
Sou verbo, sou carne, sou sangue
Minha alma é um siri que se redime no mangue
Venho mas chego só aos pouquinhos
Volto
Envolto
Como uma criança devolvida ao útero.