Sublimação

"E, ao desperdir-se da tristeza, cortou os pulsos mas, invés de

sangue, jorraram rosas - O Amor tinha transformado sua natureza."

(Franklin Maciel)

Assim se desfez da dor,

do amargo amor,

da existência que tanto a afligia.

Um corte profundo

do tamanho do mundo

agora lhe preenchia.

A alma, absorta e leve

nem se contorceu

nem se atreveu

a reclamar, de tão breve

aquele instante.

Parecia levitar

após o ato sublime,

nem se lembrava mais

da angústia e da tristeza

que habitavam seu interior.

Adeus aos pais, adeus ao amor...

Sonhos interrompidos,

talvez nunca se realizariam!?

Deveria ter se libertado antes,

não ter se deixado dominar

pelo desejo dos amantes

de se aglutinar a outro ser

como amálgama

e nunca mais se desprender.

Por ora, sentia-se feliz

ao perceber na pele a maciez das pétalas

de rosas que brotavam de seus cortes

anunciando com ternura sua morte

e exalando ao longe um doce aroma

envolvendo-a por inteiro,

interrompendo de vez o pesadelo

de uma alma que agora só quer paz...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 09/01/2010
Reeditado em 11/06/2018
Código do texto: T2019940
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