PENSAMENTOS ADORMECIDOS EM UMA MEMÓRIA DESPERTA

Mãos solitárias, vazias, dormentes

Perdidas numa vastidão de corpo

Corpo desnudo, mudo, míope

Pele inerte, pêlos calados

Coração que vaga e divaga, alheio ao mundo

Boca sem gosto, puro desgosto

Sem aconchego, repele o sossego

Suor parado, estagnado, sem prazer de ser

Tal um rio inerme, gelado

Em um frio sem inverno.

Pensamentos adormecidos

Que repousam ao lado de uma memória desperta

Nada enfraquecida, nada sonolenta

Pura contradição, fina ironia

Tênue sinal de vida.