O GÊNIO VINGATIVO

CAPÍTULO I - A GARRAFA MÁGICA

Creio que devo mesmo estar com estafa

ou então, ainda cedo estou endoidando,

escuto alguém muito longe chorando

e o pior é que o choro vem daquela garrafa.

Não aquento mais, a voz desabafa!

A minha família perigo está passando,

enquanto isto o tempo continua voando

e esta agonia no meu peito que me abafa.

Pego a garrafa, percebo que ela é diferente,

não dá pra ver nada lá dentro, pois ela não é transparente

faz-me lembrar àquelas garrafas das estórias do oriente.

Seguindo o meu instinto as patinhas na garrafa esfrego,

imediatamente vem em mim um desejo enorme e cego

de ter que ser realizado três pedidos meus e nesta fé me apego.

CAPÍTULO II - CADÊ O GÊNIO?

Depois de sair da garrafa muita fumaça

percebo que estava havendo algum engano

ao invés de aparecer um gênio, apareceu-me um humano

para você vê o meu azar, a minha desgraça.

Ao me ver o ser humano acha muita graça

bate nele um certo ar de desengano:

agora mesmo é que minha sorte entrou pelo cano.

O que fazer agora para livrar minha família da ameaça?

Mesmo me sentindo muito desrespeitada

falei para o ser humano que não estava entendendo nada

e perguntei o porquê da família dele estava sendo ameaçada.

O homem permanecia ainda com o problema atordoado

Olhava-me com um jeito totalmente desconfiado,

mas fazer o quê o humano deve ter pensado...

CAPÍTULO III – O COMEÇO DA ESTÓRIA

Vamos nos apresentar?! Eu me chamo Abdala

e você inseto, como se chama? Eu me chamo Grilo Falante.

O humano de novo ri. O quê,Grilo ? Você é lagarta, sua ignorante!

Nesta hora um ódio de mim e daquele homem no meu olhar exala.

Bem, Lagarta! Ouviu! La-gar-ta! O homem fala,

sou árabe e filho de um grande comerciante.

Lá na Arábia Saudita minha família é importante,

comercializamos todo tipo de tecido como opala...

Desde de pequeno que ouvi falar em gênios. São entidades boas ou más...

Pois bem! Há muito tempo, para ser mais preciso, oitocentos anos atrás

meu ancestral Rachid de aprisionar um gênio mal numa garrafa foi capaz.

Rachid além de ser muito esperto, era também corajoso,

não é qualquer um que enfrenta um gênio maldoso

e graças essas duas qualidades do embate ele saiu vitorioso.

Em pleno século vinte e um, anteontem para ser bem exato

encontro na beira da praia um estranho e bonito artefato,

rapidamente esfrego a garrafa para o gênio sair de imediato.

CAPÍTULO IV - EIS O GÊNIO

E não é que um grande gênio surge à minha frente,

pensando que fosse do bem, fui logo fazendo os meus desejos.

O gênio olha para mim com ódio e me diz em tons de gracejos:

Errou de gênio! Nada de pedidos! Tenho outra coisa em mente!

Ah, até que enfim! Estou livre, livre novamente!

Os meus primeiros dias na garrafa, a vingança era apenas lampejos,

depois dos meus poderes mágicos serviçais tive grandes pejos

e a ira pelo que Rachid me fizera foi me dominando totalmente.

Então o sentimento de vingança começou a falar por mim

e eu jurei : as gerações de Rachid, atuais e futuras, terão o mesmo fim

que ele me impusera; de ficar preso numa garrafa eternamente sim!

Todo gênio tem um amo. O meu é este grande ódio mortal

que sinto por Rachid e seus descendentes. Só descansarei afinal

quando as gerações, futuras e atuais, do Rachid estiverem nesta garrafa infernal.

CAPÍTULO V – DENTRO DA GARRAFA

Já falei demais seu mísero humano! Chega de lero-lero!

Como pra mim você é inútil, dou-lhe o privilégio de ser o primeiro

a ficar dentro da garrafa como infinito prisioneiro,

enquanto eu, vou realizar o meu desejo que tanto quero.

Com um simples estalar de dedos e para o meu desespero,

já estava dentro da garrafa rápido e rasteiro;

um grande pavor tomou conta de mim por inteiro

e aí comecei a chorar por estar em estaca zero.

Dois dias depois ser na garrafa aprisionado,

você me aparece e faz com que eu seja libertado,

sendo meu libertador um pequeno inseto fiquei de novo decepcionado.

CAPÍTULO VI – A FRUSTAÇÃO DE ABDALA

Se o meu libertador fosse um homem bastante inteligente,

ou um general de um grande exército, ou um bravo guerreiro,

ou se fosse um grande sacerdote, ou um bom feiticeiro,

aí sim teria esperança de engarrafar o gênio novamente.

E quem é meu libertador?! Uma Lagarta falante e demente

que acredita ser um grilo, o que não é verdadeiro

e um gênio do mal que tem meus parentes como alvo certeiro...

Oh, grande Alá, você poderia ser mim condescendente!

A Lagarta Falante chocada com que ouvira fica completamente muda.

Como pode um ser precisando demais de uma ajuda

ofender alguém assim de forma tão aguda?!

Como diz o ditado: quem está perdido não caça caminho!

É melhor ter alguém, por pequenino que seja, do que sozinho

ir enfrentar um inimigo tão perigoso e tão mesquinho.

CAPÍTULO VII – LAGARTA FALANTE SE REVOLTA

Olha aqui, Abdala! Eu sei quem sou! Sou um Grilo Falante!

O que os seus olhos veem é fruto de um cruel encantamento

de uma deusa. A estória é longa e agora não é o momento...

Jamais pensei que fosse passar por uma situação assim tão ultrajante!

Escuta aqui seu árabe mal-agradecido! Em nenhum instante

dirigi-me a você com tanta grosseria e insultamento,

portanto me respeite sim! Seu ser humano nojento!

De seres mal-educados e ingratos quero ficar é bem distante!

Dizendo tudo que tinha para dizer a Lagarta Falante vai embora,

neste momento Abdala outra vez compulsivamente chora

vai atrás do inseto e humildemente lhe implora...

Lagarta Falante! De coração! Peço a você que me perdoe

por ter lhe ofendido de graça, sem razão! Na verdade foi

a primeira vez e espero que seja última. Já fui maltratado, sei como dói.

CAPÍTULO VIII – A ESTRATEGISTA LAGARTA FALANTE

Desculpas aceitas! Agora vamos estudar a sua real situação!

Há um gênio rancoroso querendo aprisionar todos os seus...

ele não quer matá-los porque se não você já estaria diante de seu deus...

isto mostra que ele não é um gênio mal, só está agindo mal. É a minha conclusão.

Pense comigo, pois duas cabeças pensam melhor do que uma afinal.

Um gênio cuja vingança arremessou os bons sentimentos deles nos breus

de sua alma. Para este, os bons sentimentos se tornaram peças de museus;

o que ele apenas vê na sua frente é um grande ódio imortal, ou será imortal...

A única saída que vejo é o gênio de novo respeitar

ás leis do universo encantado, se ele de novo olhar

a situação normal, com certeza um bom gênio irá retornar.

Tem como me deixar com este gênio focinha a cara?!

Não me olhe com estes olhos de que estou maluca, para!

Assim como você, ele vai subestimar minha inteligência rara.

CAPÍTULO IX – NO TAPETE VOADOR

Olha, o gênio tem dois dias na nossa frente,

só que um tempinho ainda ele vai precisar

para suas vítimas ele poder identificar,

não pode sair vitimando qualquer tipo de gente.

Não sei como, mas temos que chegar lá bem de repente

e o nosso convercê para mais tarde deve ficar...

seu país é longe daqui, como podemos rápido lá chegar?!

Abdala assobia e um tapete mágico aparece simplesmente.

Fiquei realmente com um olhar encantador!

Nunca vi na vida um tapete voador,

continuei olhando para ele com estupor.

Vamos minha amiga, suba logo no tapete voador...

mudei de ideia, fique no meu bolso, por favor,

deixe comigo porque sou um bom condutor.

CAPÍTULO X – INIMIGO À VISTA

Depois de horas no tapete chegaram a tal terra distante

e a Lagarta observava tudo sem dizer nada,

até que chegou a hora por eles tão esperada;

afinal não é difícil encontrar um gênio gigante!

A capital da Arábia, Riad, vivia um clima de terror constante

onde cada pessoa local se sentia muito ameaçada.

O gênio vê o tapete e a pessoa que deveria estar na garrafa aprisionada

e se dirige ao humano com uma voz firme e ameaçante:

Abdala! Abdala! Seu humano burro e insignificante!

Como você se atravesse vir atrás de mim! Só pode ser idiota bastante,

Acreditando que possa me enfrentar e sair deste confronto triunfante!

Aliás, quem foi o imbecil que lhe tirou daquela garrafa estressante?

Vou dar a este intrometido um final triste e agonizante...

O gênio cai na gargalhada ao saber que fora por uma lagarta Falante.

CAPÍTULO XI – DE FOCINHO E CARA COM O SEU ALGOZ

Como você se atreve ficar de mim zombando!

Lógico que você está protegendo o seu libertador!

não adianta! Vou arrancar-lhe o nome e seja quem for

já pode começar ir desde já rezando!

Não é zombaria não! E do bolso a Lagarta foi tirando.

Eis aqui quem da garrafa me tirou. Não é um ser assustador

mas devo a este inseto esse grandíssimo favor.

Insisto! É pura verdade o que estou lhe falando.

Ao ver o enorme gênio rancoroso volta para si

deu na Lagarta uma forte dor de barriga de piriri,

mas agora é muito tarde, não há como fugi.

Todavia a coragem da Lagarta é superior ao seu medo

e controla a sua dor de barriga. Eis aí revelado o seu segredo

e se tivesse mão, garanto-lhe que no nariz do gênio encostaria o dedo.

CAPÍTULO XII – A VITÓRIA DA LAGARTA

Já que vocês querem brincar, vou levar esta brincadeira até o fim!

Lagarta Falante, você quer me derrotar com que magia?

Vou lhe dar a chance de me atacar para não disserem que usei de covardia...

mas a lagarta assume que não tem poder nenhum e me enfrentaria mesmo assim.

Eu quero lhe mostrar que a sua magia não tem nenhum efeito sobre mim.

Oitocentos anos na garrafa e seus poderem acabaram a bateria,

sem suas mágicas nenhum mal alguém você faria,

portanto não seja ridículo e caia na real enfim!

Ao ouvir as palavras da lagarta o gênio fica entediado

dispara raios e mais raio para tudo quanto é lado

e fala à Lagarta: seu caso agora ficou ainda mais complicado.

O gênio parte sobre a Lagarta bem possesso

envia-lhe várias magias e todas sem sucesso

e o gênio então de choro tem acesso

CAPÍTULO XIII – DE VOLTA PARA A GARRAFA

O gênio volta à garrafa sentindo-se humilhado

perder para alguém minúsculo e nem magia tinha.

Qual é o segredo que aquela pequena criatura continha

que me fez sair daquele fatídico duela derrotado?

Perdoe-me grande Ala por não ter em você acreditado,

isso demonstra que tenho no senhor era pequenininha...

se o senhor me enviou a Lagarta Falante é porque ela seria minha

solução para este caso tão incrivelmente complicado.

O senhor , Alá, me ouviu e veio me ajudar por eu ter tanto orado

pedindo-lhe que interceda por este servo que estava condenado

a ficar preso numa garrafa mágica até tudo estar consumado.

Enquanto isso o gênio tenta achar uma resposta

para entender o motivo de ter perdido a aposta

e não a encontrado, cada vez mais se desgosta.

CAPÍTULO XIV – O SEGREDO QUE O GÊNIO NÃO SABIA

Com um aspecto muito feliz e cheio de curiosidade,

Abdala quer saber em detalhes qual a magia usada

para que as do gênio não valessem de nada

e que a lagarta lhe contasse toda verdade.

Eu do começo ao fim sempre usei da sinceridade,

não sou uma lagarta. Estou assim porque fui castigada

por uma deusa que por mim sentiu-se insultada.

Sou um Grilo Falante e não uma Lagarta. Esta é minha realidade.

A magia do gênio não teve sobre mim nenhuma utilidade

porque ele, o gênio, queria ter a minha forma modificada

e isto já tinha sido feito pela deusa lá no terra encantada

onde o encontrei na garrafa em plena infelicidade.

Sabia que o gênio possui uma magia bem maior

enquanto eu não possuo nenhuma magia, o que é pior,

porém a magia de um deus em relação ao gênio é bem superior.

Se em vez de me transformar numa outra coisa ou ser

e me desse um chá de sumiço, grande êxito ele iria ter

pois continuo insistindo que nenhuma magia afirmo ter.

CAPÍTULO XV – A SAGACIDADE DA LAGARTA FALANTE

Quer dizer então que o gênio ainda tem sua magia?

Correto! Como ele usou a tática errada eu blefei,

o genial é que ele acreditou em mim. Agora não sei

quanto tempo a mentira vai durar. Pode ser dias ou dia...

Então ainda estamos correndo risco, sabia?

Jurava que tudo estava resolvido,pensei...

Porque você não resolveu o problema de vez, não sei,

só sei que se dependesse de mim este gênio nunca mais aparecia.

Como o devolvi para a garrafa, sou do gênio agora o dono,

não vou deixá-lo em momento algum no abandono...

Você Abdala, pode ficar tranquilo, não precisa perder o sono.

Vou resolver este problema de uma vez por toda sim!

Peço a você duas coisas: primeiro confie em mim

e segundo, sabe onde mora o meu amigo Aladim?

CAPÍTULO XVI – O DESTINO DO GÊNIO

Mais um amigo que se assusta com minha nova aparência.

Não tem outro jeito! Parece que com isto já estou acostumando...

Novamente a estória de como virei Lagarta para ele vou contando.

É meu querido só há duas soluções: cumprir o castigo e ter paciência.

Mas vamos o que interessa. O que traz você à minha residência?

Está vendo essa garrafa que Abdala está segurando?

Dentro dela tem um gênio que há oitocentos anos vem se alimentando

de rancor, vingança, está quase batendo a porta da demência.

Ele não é um ser mal, só traz consigo este grande defeito

e como você, Aladim, tem um gênio que anda direito

talvez ele conversando com o outro gênio pudesse dar um jeito.

Quando o meu gênio não tiver mais consigo esta negatividade

então que seja cumprido o meu desejo: dê a ele liberdade

para que este gênio possa ir em busca de sua felicidade.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 08/01/2010
Reeditado em 09/01/2010
Código do texto: T2019014