Selva no Olhar
Da varanda sustento um olhar vago nas nuvens que caminham, que se defrizam suavemente.
Os prédios interrompem o devaneio, obstruem pensamentos de forma silentemente agressiva.
Parecem fragmentar os versos, dilacerando as linhas em pontilhados íngremes,dificultando o criar.
Meus pensamentos distorcem-se... Contorcem-se, em busca de palavras que concretizem este ato... Poemar!!!
Tudo parece taciturno, um céu límpido e moribundo a abraçar...
Envolve aço... Pedra... Cimento... Olhares!!! Sonhos e sentimentos de concretas abstrações.
Estou meio selvagem... Uma jaguatirica acuada, com as presas arreganhadas. E as garras.... As garras??? Sem as garras!!!
Nesta selva envolvente, lamento o mundo que vejo.... Que ouço e sinto. E no afã de iludir-me... Minto-me!!!
Maresia... Mar... Brumas...
Numa união perfeita. Céu que se afoga no mar. E as brumas?...
As brumas... Estão no meu olhar!!!