"benvinda"

me dizem

calmo e ponderado

mas não sabem nada de mim

do meu vulcão guardado

da bagunça nos meus porões

nas minhas gavetas

da mesa ainda posta

da sala desarrumada

da poeira dentro do meu peito

onde há muito tempo

ninguem vem dar um jeito

do mato crescido no meu jardim

do abandono da varanda

onde tambem há muito tempo

ninguem anda

das janelas fechadas

das portas emperradas

da solidão infinda

só o capacho no chão

na frente da casa

continua limpo

onde até dá pra se ler ainda

"benvinda"

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 27/12/2009
Reeditado em 21/01/2010
Código do texto: T1998453