a rua em que passo, já passamos
tantas ruas, tantas vezes, passamos
custo a crer no não
que ainda vamos passar.
 
uma cena de jarmusch: a moça com
seu café temperado, o garçom idiota
completa a xícara,
uma cena próxima: a moça com
seu whisky e red bull, o mesmo idiota
completa a taça,
fizemos graça, bêbados de beleza
quanto belo que houve
quanta magia
quanto amor
 
nada se estabeleceu pelo que seria
estabeleceu-se na logosfera
depois na esfera do que havia
fomos futuristas e sensacionistas
disto nasceu amor e admiração
almas ricas e leves
almas alegres e safadas
almas nossas no céu de cada dia
 
a rua em que passo numa ida
a santos, termina ali
e na volta não fico, nem volto
revolto-me com o que faço
porque não o fiz, porque não quis
o que mais quero
 
uma cena de jarmusch, uma bifurcação
cada um segue para um lado
contrários, sentidos, solitários
restam os caminhos
aqueles que percorrermos juntos,
aqueles em que jamais iremos.